quarta-feira, 1 de abril de 2015

Capítulo 1: Dez Minutos -Parte Dois-

350 km acima da superfície, Estação Espacial da L.E.

Se no espaço o som fosse propagado, nesse momento o planeta Terra estaria em silêncio. As grandes e pequenas cidades estavam paradas, todos estavam esperando o fim inevitável. Contudo alguns ainda acreditavam que tudo aquilo seria a maior brincadeira na história da raça humana, e que nada aconteceria. Tudo teria sido a pior brincadeira de mal gosto.
Para aqueles que acreditavam no fim, o colapso da civilização parecia eminente nesses últimos momentos. Do espaço, as quatro estações espaciais em órbita seguiam em silencio, os astronautas que estavam nela certamente preferiam estar em seus lares junto com o seus familiares, observando no horizonte a sua morte chegando, mas alguns pareciam mais determinados.
Comandante Zukhov, era o chefe da Estação Espacial da Liga Eurasiana, um consórcio de 13 países que haviam construído sua própria estação de pesquisa na órbita da Terra, como ponto de carregamento para viagens às bases lunares existentes.

-É uma pena, meus camaradas que a humanidade conseguiu fazer o que nem na época da Guerra Fria foi possível. Hoje veremos a extinção da humanidade ou o seu novo renascimento. As bases lunares entrarão em anarquia, mas eu espero com todas as minhas esperanças que o entendimento entre elas chegará e ao menos parte da raça humana poderá sobreviver. Não será fácil, mas como as coisas estão indo por lá, a união os permitirão resistir (...)-

Enquanto Zukhov terminava seu discurso, a Estação Espacial da Liga Eurasiana sobrevoava a Europa. Em grande parte do continente já era noite e as luzes das cidades cobriam grandes extensões do continente.  O marcador do horário de Greenwich chegou às 19 horas. Como a OIPNOM havia prometido, inúmeros flashes de luzes surgiram.
De Londres as explosões se espalharam ao mesmo tempo pelo globo, em segundos os sistemas elétricos de toda a Europa falharam. O continente europeu que provavelmente era o mais iluminado de todos, berço da cultura ocidental e palco de algumas das maiores civilizações que já existiram, estava às escuras.
Pequenos pontos de luzes ainda existiam, mas era questão de tempo até que o sistema entrasse em colapso e caísse junto. O mundo deveria estar igual à Europa agora. O fim para grande parte da civilização finalmente tinha acontecido.

-Adeus planeta Terra, eu espero que você um dia seja novamente o lar de uma espécie humana mais forte e unida, e que ao menos tenha aprendido com os nossos erros do passado. -

Horizontina, 10 de janeiro de 2038.

10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 e 0.

Eram 19 horas no horário de Greenwich, 17 horas horário oficial de Brasília.
A contagem havia se encerrado. As luzes ainda estavam acessas, e o barulho de eletrodomésticos e de produtos eletrônicos ainda continuava no ar. Seria um blefe enorme essa história de apocalipse?
Enquanto Amélia começava a esboçar um sorriso, um barulho ensurdecedor tomou conta da região. A televisão saiu do ar, logo depois a energia elétrica entrou em colapso. Todos correram para fora de casa e presenciaram de longe a morte.
No horizonte, a cidade de Santa Rosa fora atingida. O resto do cogumelo atômico continuava a ser uma presença macabra na paisagem. Centenas de pessoas visualizavam de longe essa cena, muitos pensavam nos seus parentes e amigos que poderiam ter perecido, e outros pensavam no futuro negro que tinham pela frente.

O futuro que era incerto momentos antes disso acontecer, desmoronou rapidamente. Nas cidades e nos campos, multidões se desesperaram. Enquanto os últimos traços de civilização desmoronam em questões de dias, os membros do grupo que armou tudo isso saia lentamente de seus esconderijos e vislumbravam admirados todo o caos que criaram. Estava na hora da OIPNOM agir.

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