350
km acima da superfície, Estação Espacial da L.E.
Se no espaço o som fosse propagado, nesse
momento o planeta Terra estaria em silêncio. As grandes e pequenas cidades
estavam paradas, todos estavam esperando o fim inevitável. Contudo alguns
ainda acreditavam que tudo aquilo seria a maior brincadeira na
história da raça humana, e que nada aconteceria. Tudo teria sido a pior brincadeira
de mal gosto.
Para aqueles que acreditavam no fim, o colapso da
civilização parecia eminente nesses últimos momentos. Do espaço, as quatro
estações espaciais em órbita seguiam em silencio, os astronautas que estavam nela
certamente preferiam estar em seus lares junto com o seus familiares,
observando no horizonte a sua morte chegando, mas alguns pareciam mais
determinados.
Comandante Zukhov, era
o chefe da Estação Espacial da Liga Eurasiana, um consórcio de 13 países que
haviam construído sua própria estação de pesquisa na órbita da Terra, como
ponto de carregamento para viagens às bases lunares existentes.
-É uma pena, meus
camaradas que a humanidade conseguiu fazer o que nem na época da Guerra Fria
foi possível. Hoje veremos a extinção da humanidade ou o seu novo renascimento.
As bases lunares entrarão em anarquia, mas eu espero com todas as minhas
esperanças que o entendimento entre elas chegará e ao menos parte da raça
humana poderá sobreviver. Não será fácil, mas como as coisas estão indo por lá,
a união os permitirão resistir (...)-
Enquanto Zukhov terminava
seu discurso, a Estação Espacial da Liga Eurasiana sobrevoava a Europa. Em
grande parte do continente já era noite e as luzes das cidades cobriam grandes extensões
do continente. O marcador do horário de
Greenwich chegou às 19 horas. Como a OIPNOM havia prometido, inúmeros flashes
de luzes surgiram.
De Londres as explosões
se espalharam ao mesmo tempo pelo globo, em segundos os sistemas elétricos de
toda a Europa falharam. O continente europeu que provavelmente era o mais
iluminado de todos, berço da cultura ocidental e palco de algumas das maiores civilizações que já existiram, estava às escuras.
Pequenos
pontos de luzes ainda existiam, mas era questão de tempo até que o sistema
entrasse em colapso e caísse junto. O mundo deveria estar igual à Europa agora.
O fim para grande parte da civilização finalmente tinha acontecido.
-Adeus
planeta Terra, eu espero que você um dia seja novamente o lar de uma espécie
humana mais forte e unida, e que ao menos tenha aprendido com os nossos erros
do passado. -
Horizontina,
10 de janeiro de 2038.
10, 9, 8, 7, 6, 5, 4,
3, 2, 1 e 0.
Eram 19 horas no
horário de Greenwich, 17 horas horário oficial de Brasília.
A contagem havia se
encerrado. As luzes ainda estavam acessas, e o barulho de eletrodomésticos e de
produtos eletrônicos ainda continuava no ar. Seria um blefe enorme essa
história de apocalipse?
Enquanto Amélia
começava a esboçar um sorriso, um barulho ensurdecedor tomou conta da região. A
televisão saiu do ar, logo depois a energia elétrica entrou em colapso. Todos
correram para fora de casa e presenciaram de longe a morte.
No horizonte, a cidade
de Santa Rosa fora atingida. O resto do cogumelo atômico continuava a ser uma
presença macabra na paisagem. Centenas de pessoas visualizavam de longe essa
cena, muitos pensavam nos seus parentes e amigos que poderiam ter perecido, e
outros pensavam no futuro negro que tinham pela frente.
O futuro que era incerto momentos antes disso acontecer, desmoronou rapidamente. Nas cidades e nos campos, multidões se desesperaram. Enquanto os últimos traços de civilização desmoronam em questões de dias, os membros do grupo que armou tudo isso saia lentamente de seus esconderijos e vislumbravam admirados todo o caos que criaram. Estava na hora da OIPNOM agir.
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